
terceirão

PAS
3º
Quem matou Herzog?
Nos anos de censura, medo e silêncio que se seguiram à promulgação do AI-5 (Artigo Institucional - 5), Cildo Meireles destacou-se pelo seu trabalho em carimbo em notas de um cruzeiro. Com a mensagem explicita, Quem matou Herzog? (Vladimir Herzog foi um mártir da ditadura militar), e anônima, mostrou sua visão da arte enquanto meio de democratização da informação e da sociedade - motivo pelo qual costumava gravar em seus trabalhos deste período a frase: “a reprodução dessa peça é livre e aberta a toda e qualquer pessoa”, ressaltando a problemática do direito privado, do mercado e da elitização da arte.
Quem matou Herzog? A pergunta estampada na cédula de um cruzeiro provocou desconforto na época da ditadura militar brasileira. A obra “Inserções em Circuitos Ideológicos: Projeto Cédula”, do artista Cildo Meireles, transitava livremente no circuito monetário: mensagens contra o governo ditatorial e o autoritarismo eram carimbadas em bilhetes de dinheiro e devolvidas à circulação. A incômoda frase “Quem matou Herzog?” fazia uma referência explícita às causas não esclarecidas da morte do jornalista Vladimir Herzog, detido pelos órgãos de repressão política. A mensagem anônima e crítica nos anos 70 perturbava o controle de informação e deslocava o lugar da arte. No projeto, o artista dispunha de instruções para a reprodução do gesto e declarava: “a reprodução dessa peça é livre e aberta a toda e qualquer pessoa”.

